A oportunidade do tema escolhido, em que as questões da liderança, da estratégia e da inovação, assumem papel central, na busca de um acervo conceptual e instrumental que sirva de base a modelos de gestão em Saúde que se adaptem à enorme contingencialidade de um sector de actividade tão sensível, está plenamente justificada. Chama-se a particular atenção para dois temas sobremaneira importantes e específicos no sector da Saúde: a Liderança e a Inovação. Há, por todo o mundo moderno, uma polémica infindável sobre quem deve liderar as organizações de saúde e, em particular, os hospitais: os médicos ou os gestores. Os primeiros, pelo seu saber e pelo papel decisivo e insubstituível que têm nas principais decisões que têm lugar na actividade dos serviços (a quem tratar, como tratar, e quando tratar). Os segundos, pela importância crescente que as questões económicas, da organização do trabalho e do controlo da actividade, têm, em sistemas altamente complexos e dispendiosos, perante cidadãos cada vez mais exigentes e diante de novas e mais robustas oportunidades de diagnóstico e de tratamento. Estas duas facetas da liderança de que necessitamos nos serviços de saúde, não são sobreponíveis e muitas vezes são conflituantes. O autor reflecte bem sobre este assunto, separando epistemologicamente a componente técnica da decisão, da componente estratégica ou administrativa, e as singulares especificidades (e dificuldades) que a mesma apresenta na gestão de um hospital.
Luís Morais